“O Diácono Permanente como Testemunho de Fé e Caridade”
Perfil do Diácono Permanente na Atualidade
Observa-se empiricamente que a maioria dos Diáconos Permanentes tem a partir de 45 anos, são homens casados, tem filhos, possuem a situação profissional razoavelmente definida, tem uma atuação ativa nas Pastorais, Grupos e Movimentos da Igreja, atuam em diversos ramos profissionais, tem formação acadêmica variada, seja no ensino médio, graduação, pós-graduação, mestrado ou doutorado.
A Família do Diácono e seu Papel na sua Vocação.
Em razão do perfil acima, para o pleno exercício do Ministério Diaconal, é importantíssima a participação da Família do Diácono em todas as fases da sua caminhada vocacional. Seria bom que toda a família participasse da missão do Diácono, porém isto nem sempre é possível pelos mais diversos motivos tais como residência dos filhos em cidades diferentes da residência do Diácono, filhos casados que tem as responsabilidades próprias do casamento, etc. Porém a participação da esposa do Diácono na missão diaconal é indispensável, desde o discernimento vocacional, passando pela autorização formal para ingressar nas ordens sacras e na vivência das atividades próprias do Diácono ordenado.
A Importância da Espiritualidade na Vida do Diácono.
Tendo em vista que são casados a maioria dos Diáconos Permanentes, faz-se necessário conciliar a vivência do Sacramento do Matrimônio e do Sacramento da Ordem, por meio da oração constante com iluminação do Espírito Santo, especialmente a Liturgia da Horas. O Diácono Permanente precisa ter uma grande intimidade com a Sagrada Escritura e com os ensinamentos constantes nos documentos da Igreja, para que assim possa servir melhor a comunidade, especialmente àqueles que tiverem maior necessidade, pois no Livro dos Atos do Apóstolos se narra que os Diáconos são instituídos para o serviço (At 6,1-7). Portanto o Diácono Permanente tem a Espiritualidade do Serviço.
As Obras de Caridade e Solidariedade do Diácono
Como tem a Espiritualidade do Serviço o Diácono deve estar sempre pronto para as Obras Caridade e Solidariedade Espiritual e Temporal, estando sempre atento para o fato de que somos criados por Deus, nossa força vem do céu, nossa busca é pela eternidade, mas Deus nos chama a agir no tempo e no espaço de nossa existência terrena, assim como Cristo agiu quando se fez homem e habitou entre nós. Portando se no relato bíblico diz-se que o Diaconado foi instituído para o atendimento das viúvas gregas, pois elas estavam sendo negligenciadas, ou seja, era uma necessidade daquele tempo e daquele local. Ao longo do tempo as necessidades vão modificando. No ano 258 o Diácono São Lourenço que foi martirizado numa grelha incandescente, pois apresentou ao Imperador Valeriano os pobres que ele ajudava como sendo maior tesouro da Igreja. Ao longo do tempo as necessidades se ampliam, por isso a Igreja, exercendo a Diaconia de forma mais ampla, fez hospitais, escolas, orfanatos e outras obras de caridade em favor do povo.
Por isso o Diácono deve estar atento ao tempo e ao espaço que ele vive para perceber quais as necessidades e carências que o cercam para cumprir a missão a que Deus o chama. Assim o Senhor chama alguns para o cuidado do Meio Ambiente, Nossa Casa Comum, como nos exorta o Papa Francisco na “Laudato Si”. Chama outros para cuidar dos irmãos que estão morando nas ruas. Chama outros para cuidar dos drogados. Chama outros para cuidar das famílias que precisam de orientação. Chama outros para lutar por saúde e educação públicas de qualidade, pois tem grande importância na vida dos mais pobres. Como está escrito: “A cada um é dada a manifestação do Espírito em vista do bem comum” (ICor 12,7).
Veja o que nos diz São João Crisóstomo a respeito do cuidado com aqueles que sofrem:
“Queres honrar o corpo de Cristo? Não o desprezes quando nu; não o honres aqui com vestes de seda e abandones fora no frio e na nudez o aflito. Pois aquele que disse: Isto é o meu corpo (Mt 26,26) e confirmou com o ato a palavra, é o mesmo que falou: Tu me viste faminto e não me alimentaste (cf. Mt 25,35); e: O que não fizeste a um destes mais pequeninos, não o fizeste a mim (cf. Mt 25,45).” (São João Crisóstomo, Bispo, Século IV)
O Diácono como Presença de Cristo no Mundo
O Diácono quando cumpre sua missão é a presença do Cristo Servo no mundo “Assim como o Filho do Homem veio, não para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por uma multidão” (Mt 20,28), e percebe a presença de Cristo no Mundo “Responderá o Rei: ‘Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isso a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes.” (Mt 25,40)
Conclusão
“Não há Igreja sem Diáconos”
(Dom Roberto Francisco Ferreria Paz,
Homilia de Ordenação Diaconal, Itaperuna 20/05/2022)