“O Diaconato Permanente como Ministério da Palavra e da Liturgia”
Escrito por: Diácono Luiz Kleber Paravidino Júnior.
Dentre os tantos frutos que o Concílio Vaticano II produziu, se encontra a restauração do Diaconato em grau permanente, aquela instituição de origem Apostólica (At. 6, 1-6 ) que enriquecera a Igreja dos primeiros tempos com a concretização da Missão de Cristo que não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida para a salvação de muitos (Mt. 20, 28).
De fato, no ocidente, o Diaconato como vocação própria e permanente caiu em desuso por circunstâncias diversas que o levaram a um mero rito de passagem para aqueles que, vocacionados ao Presbiterado, cumpriam-no como etapa intermediária na sua caminhada vocacional.
Como dito, à força do novo sopro do Espírito Santo na sua Sua Igreja, houve por bem aos Padres Conciliares restaurar o Diaconato como grau próprio e permanente (Lumen Gentium, n. 29), cujo objetivo, em nada distante do seu propósito primevo, era o de aproximar a Igreja de Cristo àqueles, que por tantas circunstâncias, foram relegados às margens da vida, sejam essas margens de ordem econômica, social, cultural e até mesmo religiosa, visto que a Igreja de DEUS é como aquela Mãe que sempre estará disposta a reunir seus diferentes filhos, em perfeita analogia ao que o Divino Mestre, quando chorando sobre a cegueira de Jerusalém, disse ter ansiado reunir seus filhos como a galinha reúne seus filhinhos sob suas asas protetoras (Mt. 23, 37).
Com efeito, nesse processo de restauração, a Igreja apontou que o Diaconato Permanente, realidade que se estende ao Diaconato como grau de acesso à Ordem Presbiteral, deverá ser exercido no tríplice múnus, quais sejam: da Caridade, da Palavra e da Liturgia.
Nessa tríplice dimensão do serviço evangélico da Igreja, não se olvide que a Caridade se constitui como ponta de lança para que o desempenho diaconal seja direcionado inequivocamente ao seu escopo primordial, ou seja, aos marginalizados de toda ordem e realidade. Não seria demais afirmar, que a Caridade, para além de si própria, permeia os demais múnus da Palavra e da Liturgia, “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine. …” (I Cor. 13, 1-13).
A partir dessa constatação, o que se denota é que ação litúrgica, quando interiormente bem orientada e observante dos ritos determinados pela Igreja, inequivocamente estará imbuída d’Aquele Espírito de Caridade, sem o qual, a missão evangelizadora do mundo estaria fadada ao mais retumbante fracasso.
“Nesse sentido”, afirma Dom Edson Oriolo, em sua obra Ser Diácono, “a dimensão litúrgica do diaconato representa o ápice do seu trabalho no mundo da caridade e da evangelização”. A conclusão de tal assertiva põe em xeque o raso entendimento de que o exercício do serviço Litúrgico pelo Diácono encontra-se numa dicotomia com o serviço da Caridade, porquanto aquele, na verdade, é a coroação e celebração deste na ordem mistagógica, uma vez que esse mesmo serviço da caridade deve ser realizado em chave Cristológica, Divina, e não meramente humana, o qual redundaria apenas em humanismo.
“a dimensão litúrgica do diaconato representa o ápice do seu trabalho no mundo da caridade e da evangelização”
Assim, o Diácono se apresenta na celebração litúrgica como aquele que retornando do campo do mundo, vem render Graças a DEUS pelos Serviços da Caridade e da Palavra desempenhados, além de haurir novas Graças e forças para voltar ao mundo onde continuará sua Missão Diaconal.
Outrossim, na própria ação litúrgica, sobretudo quando da assistência ao Matrimônio, da celebração do Santo Batismo, além dos serviços exequiais e na dispensação dos sacramentais, o Diácono encontra um campo vastíssimo e diria, de facílimo acesso, para desempenhar a Missão Caritativa da Igreja, uma vez que, são nesses acontecimentos que se apresentam um grande número de filhos da Igreja que se encontram afastados de sua ‘Mãe” e, portanto, desnutridos de Graças, Bênçãos e porque não, da própria vida verdadeira, “Eu vim para que todos tenham Vida e a tenham em abundância”.(Jo. 10, 10).
Por fim, o Diácono é aquele que consciente de sua Vocação e Missão, experimentado na vida de oração e conhecedor da Sã Doutrina, da qual foi Ordenado Ministro, deve trabalhar juntamente com o Bispo e com o Presbitério, sempre em atitude de sinodalidade e de obediência, para que o rebanho de Cristo possa ter aquela experiência de DEUS, experiência que transforma o ser humano e o faz aproximar-se cada vez mais de sua essência, a de Ser Imagem e Semelhança do ETERNO DEUS (Gen. 1, 26-27).